quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Baile de Ilusões

A melhor (ou pior) parte em crescer é olhar para trás e perceber cada bobeira, cada erro, cada idiotice feita e em cada verdade acreditada.

É impressionante o dom que a gente tem de se iludir. E mais, de querer se iludir. Talvez por carência, necessidade intrínseca de fantasiar uma vida melhor? Sei lá... Só sei que temos essa mania irritante. As coisas estão lá, acontecendo, no seu ritmo natural e o que é que a gente faz? A gente floreia, a gente colore. Do jeitinho que a professora nos ensinou no prézinho: "desenha e colora o mundo como você queria que ele fosse".

Pois bem, a vida não é um desenho, nosso arco-íris e uma casinha no campo com chaminé e o sol sorrindo não é eterno. O tempo vem, apaga, às vezes pinta tudo de preto, às vezes deixa em branco e até mesmo volta a colorir... E nesse ir e vir, colorir-descolorir, a gente segue crescendo e descobrindo verdades tão irritantes quanto a mania de ilusão, as quais nos pegam de surpresa, se estapeando e se perguntando "por quê seu idiota?" "Me diz como não percebi, tava ali gritando na minha cara."

É meu amigo, é a vida capinando o jardim de flores que você mesmo, seu imbecil, criou. Mas não se preocupe não! Daqui a pouco, você colore tudo de novo, dizendo que "tudo passa" e "amanhã será melhor".


domingo, 1 de abril de 2012

Não vale a pena

Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar

Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor


De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido


Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida


E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer

Que é uma pena
Mas você não vale a pena

quarta-feira, 14 de março de 2012

Destinatário: Ela

[...]Se esse pacote, é um sentimento bom, acredite.

E ela acreditou. Em tudo e com tudo o que podia.
Acreditou sempre. Sim, por que o tal pacote havia sido aberto e dentro dele só saíram coisas e momentos incríveis. Sim, ela acreditou.
O tal pacote era um sentimento bom. O melhor que ela havia sentido até então...
Aquele que a fez sentir viva e feliz. E sim, é óbvio que ela confiava nisto. Sim, é claro que ela não esperava se enganar. Não tinha como, não havia por quê ela estar errada. Afinal, era recíproco. Ou, ao menos, parecia...
Tinha sido lindo para os dois. Perfeito para os dois... Para os Dois. Assim, ela pensava...
Mas ele não quis mais o pacote, não se sabe direito a razão, talvez seja o excesso dela, talvez...

E assim, ele a devolveu, se esquecendo de ler que no pacote estava escrito em destaque "frágil". Não tomou nenhum cuidado e a devolveu em pedaços. Tirou todo o sentimento e a verdade que havia lá dentro, e a devolveu. A devolveu sozinha, enganada, magoada e decepcionada. Tirou tudo de bom que ali havia e a deixou com lembranças de algo que nunca chegou a existir.

Mas ela não ficou ali, presa, encaixotada após a devolução. Guardou ali, tudo o que ele deixou com ela: lembranças. Fechou, guardou e foi viver.
Ela se refaz sozinha, se faz sozinha e segue em frente sozinha. Isso não quer dizer que esteja feliz, diz apenas que ela não parou no tempo. Diz apenas que ela saiu desse pacote e decidiu olhar para o que está lá fora...

Porque o mundo é grande, a vida curta e sua vontade de ser feliz, gigante.