E me disse que queria viver.
E mais: que iria viver.Disse também que estava cansada de sua (falta de) vida virtual, de sentimentos virtuais e de relações inanimadas. E disse ainda; estava farta de contatos e seu mais novo objetivo era
"com tatos".Não queria mais apenas ler; disse que isso cabia aos seus livros, aos poemas e as crônicas, não à vida. E que não iria ser mais apenas uma narradora onisciente,escrevendo sobre sua vida e idéias. Desejava, no mínimo, ser uma narradora-personagem, na primeira pessoa do singular. E quem sabe assim, conseguisse, ás vezes, se conjugar no plural.
Me disse também que gostaria de rir, mas sorrir de verdade, aqueles sorrisos que fazem a barriga doer e a bexiga se soltar; e que precisava disto, havia se cansado das prosopópeias do riso. Não faziam sentido, não liberavam endorfina.
E me disse categoricamente que não olharia mais perfis e nem adicionaria pessoas, achava tudo aquilo muito pragmático e previsível; disse que iria conhecê-las sem informações prévias e deixaria se surpreender, e até mesmo se decepcionar.
Me disse, por último, que iria parar de me dizer.
E ficou offline.