terça-feira, 18 de agosto de 2009

Diário de um Caminhoneiro

Parte 1

Conheci Alfa numa dessas estradas da vida, naquela viagem que mais tarde descobriria ser a melhor de toda a minha vida. Ah! Claro, preciso me apresentar. Oi, eu sou o Betão, quer dizer Alberto, mas todos me chamam de Betão desde que eu guiei meu primeiro caminhão. Sim, eu sou caminhoneiro xucro, mais conhecido também como peão da boléia. Aí ficou Betão do Caminhão.Esse povo viu, rima as cousa que é uma beleza! Mas voltando a falar do meu primeiro contato com Alfa. Vinha voltando pra casa no interior de Minas, quando vejo uma mocinha de vestido rosa com malas no chão, acenando pra mim e pedindo carona. Logo pensei: Eita, que é hoje que lavo minha égua. Parece uma putinha bem novinha. Parei meu caminhão, abri a porta e ela me perguntou se estava indo na direção de São João das Missões, norte de Minas. A princípio não respondi, eu apenas admirava tamanha beleza. Era branca como neve, seus cabelos pretos como o carvão, mas lisos e brilhantes. Tinha as bochechas rosadas, os olhos vivos e uma boca bem delineada... Até que ela tornou a perguntar: Ein moço, tá indo? E por uma obra divina, eu estava. Ela subiu, e foi aí que comecei a me apaixonar, pois durante o caminho pudemos nos conhecer melhor.

Em meio a tantas conversas, Alfa me disse que era professora. Tinha feito um tal de magistério, e eu fingi saber o que diabo era aquilo. Estudou na capital, mas como não conseguiu se sustentar por lá, estava de volta à sua terra natal. Contou-me também que de seus parentes, só lhe restou uma tia gorda e já velha, D.Mirtes. E assim eu escutei as suas histórias com toda atenção e prazer que nunca havia dado à ninguém. É... A minha trepadinha tinha ido embora, ela não era putinha nem nada parecido, era uma professorinha linda e pura. Chegando ao seu destino, agradeceu-me a viagem e nossa prosa e me deu um beijo no rosto. Rapaz! Parece que todo o meu sangue subiu à cabeça, que eu senti um calor, uns "arrepio", vontade danada de tascar uma beijoca naquela boquinha de moça virgem. Liguei o caminhão e acelerei, já decidido a seguir meu rumo. Quando olho no retrovisor e a vejo me dando tchau, acenando com suas mãozinhas. Diacho de bicho sedutor é esse, que é mulher,sô! Mal havia conhecido a peste e já tava todo besta, eita que eu não me amarro fácil,não! Olhei pra frente, forçando o acelerador como se com isso me convencesse a ir embora.

Quando já estava saindo da pequena cidade, vejo uma faixa com os dizeres: PRECISA-SE DE PEDREIRO. URGENTE. TRATAR COM TIÃO. Foi então que juntei a fome com a vontade de comer. Já estava cansado de viajar, há 6 meses na estrada, precisava de um descanso e ainda iria morar perto de Alfinha (foi o apelido que eu dei à ela). Parei o caminhão e conversei com o interessado. De começo nossa conversa ficou meia besta:
Oi, o senhor é o seu Tião? Sim, o próprio. Prazer, Betão. Lhe disse da minha experiência no ramo e logo fui contratado. A mão-de-obra estava em falta. A maioria da cidade era habitada por índios, e eles só sabiam construir ocas e pendurar redes. O salário não era muito"bão" não, mas pobre já está acostumado com a pobreza, então sabia me virar com pouco.

A partir desse dia, minha vida nunca mais seria a mesma, por que no dia seguinte fui procurar por Alfinha...


(to be continued...)

5 comentários:

Paloma disse...

Hm... Quero saber no que isso vai dar. Será que a imaculada Alfinha receberá de bom grado uma possível investida? [/rádio novela]

Ah! "Um tal de magistério"... rs

Anônimo disse...

Natália, fiquei preso ao seu conto. Fui seguindo e imaginando tudo. Fiquei feliz por ver o Betão respeitar a Alfinha. Não via a hora do FINAL FELIZ. Mas...hehehe!
Amanhã eu corro aquí prá ler mais um capítulo. Valeu!!!
Beijos com carinho. Manoel.

Marcos Pinheiro disse...

Natália "Verrissímo" Coelho! Sério, mais uma vez fui me envolvendo e criando cada cena e personagem em minha mente. Não sei onde mais arrumar adjetivos pra te elogiar!

Menina, sabe de uma coisa? Junta esses contos e crônicas daqui e monta um livro sô! Ou melhor... Monta um livro com inéditos! Fico cada vez deslumbrado com tamanha imaginação nessa sua cabecinha. Parabéns mil!

Marcos Pinheiro disse...

Cadê a segunda parte, muié? Tô ansioso já de tanto esperar pelo desfecho dessa história!

Mulher Vã disse...

(...)Oi, o senhor é o seu Tião? Sim, o próprio. Prazer, Betão.(...)

Gargalhei nessa parte. Vô lá ler a continuação. =P